O Brasil tem muito a ensinar aos demais países do globo. O que fazemos de forma rápida e contínua, infelizmente, é reproduzir a pobreza de nossa população. Na verdade, somos referência neste "tipo de produção". Somos um "case". Em recentes dados divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o país chegou a impressionantes 12,7 milhões de desempregados. Os dados deixam claro que a reforma trabalhista proposta e aprovada pelo atual governo em nada contribuiu para a mudança de cenário. A informalidade, muitas vezes gerada pela própria reforma trabalhista, vem crescendo em nível recorde. Analisando as pesquisas divulgadas pelo IBGE, percebe-se que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo.
Além de desigual, o Brasil é um país relativamente pobre. Atualmente, em torno de 25,4% da população, cerca de 50 milhões de pessoas, vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, com renda familiar menor que R$ 387,07 por mês, estas pessoas vivem com R$ 12,90 por dia. Essa pobreza atinge principalmente as crianças. As que mais sofrem com este processo são os brasileiros entre zero e 14 anos de idade, que vivem em famílias pobres, correspondendo a 42% das crianças do país. Em alguns casos, as crianças são forçadas a contribuir com a renda familiar, não por opção, mas por uma questão de sobrevivência. Em uma rotina de busca pela sobrevivência e ajudar a família, sobra pouco tempo para se dedicar aos estudos.
Entre os trabalhadores com apenas ensino fundamental incompleto, identifica-se que 62,1% começou a trabalhar na faixa de até 14 anos. Para os trabalhadores que têm Ensino Superior completo, esse número cai para 19,6%. O índice representa o principal mecanismo de reprodução da pobreza no país. As crianças pobres de hoje saem muito cedo da escola e são fundamentais para complementar a renda familiar. Manter as crianças na escola e ter uma escola que seja mais atraente que o mercado de trabalho é um grande desafio. Para a criança optar pela escola, seus pais devem obrigatoriamente estar empregados. É fundamental investir em infraestrutura na escola, da sala de aula ao refeitório. Remunerar adequadamente os professores e incentivar o aperfeiçoamento acadêmico. Motivar o aluno e ao mesmo tempo avaliar o ensino. Proporcionar turno de sete, oito horas diárias de conhecimento e aprendizado. Para que tudo isso seja possível são necessários recursos, geração de emprego e renda. O número impressionante de desempregados reproduz pobreza. O erro é que sabemos como evitar e não fizemos absolutamente nada.